5 de maio de 2015 à 16:37

Futebol de formação: pais e filhos

No futebol de formação, várias vezes nos vimos confrontados com casos típicos de pais problemáticos que, na ânsia de ajudarem os filhos, quase se tornam inimigos dos treinadores. Há jovens atletas, cheios de talento, que ficam pelo caminho por não suportarem a pressão e as várias atitudes negativas dos pais.

É com relativa facilidade que encontramos vários tipos de pais que de tal forma interferem na personalidade desportiva do filho que este, ao não ver cumpridas as metas impostas por eles, opta pelo abandono da prática desportiva. Há pais que geralmente nunca estão de acordo com as decisões dos árbitros e dos treinadores, e dificilmente apoiam a equipa optando por  unicamente, apoiar o seu filho. São os pais fanáticos. Encontramos pais que costumam gritar e insultar árbitros, jogadores e treinadores com uns pulmões fora do comum. São pouco pacientes, escutam poucas vezes os outros e nunca estão dispostos a mudar. Os que fazem isto perto do banco de suplentes são os piores, pois o jovem filho sente-se humilhado ao ouvi-lo vociferar.

E aqueles pais que se colocam estrategicamente junto à linha lateral, enquanto o filho joga?

 Que dispõem de umas enormes cordas vocais e de um código de sinais para indicar a táctica a seguir em cada momento do jogo? Estes ficam furiosos quando o seu filho, para poder seguir a táctica do treinador, não liga às suas instruções. Critica abertamente os árbitros, diverge do treinador e discute com os directores que não concordam que o seu filho é o melhor e que, por exemplo, é ele que tem de marcar os livres todos. Quando o filho chega a casa, começa a segunda parte do jogo. Os pais treinadores sem competências deveriam tomar consciência de 3 consequências que gera a sua conduta:

a. O seu filho perde concentração, porque sente ter de se preocupar mais com as suas instruções do que propriamente com o andamento do jogo;

b. O seu filho fica nervoso. Sabe que se não jogar ao gosto do pai tem medo de o perder e, logo que chegue a casa, tem certeza de ouvir bronca da grossa;

c. O seu filho fica confuso, ao entrar em contradição com as instruções do pai e a táctica do treinador.

Num clube dos nacionais, onde tive o prazer de treinar durante 6 anos consecutivos, encontrei também um pai a que chamei “pai camareiro” porque, entre outras coisas, não autorizava que o seu filho bebesse da mesma água dos companheiros, que trazia de casa água e líquidos especiais para recuperar e, mal o jogo terminava, ia ao balneário ajudar o filho a despir, tomar banho e vestir, acabando a recolher o equipamento acabado de sujar. Com esta sua atitude ridicularizava o filho diante dos colegas.

Há ainda os chamados “pais de ida e volta”, que eu entendo serem muito maus para o crescimento desportivo de um jovem. Eu dou-lhes este nome porque mudam constantemente o seu filho, de clube ou desporto, conforme lhes dá na real gana ou porque não gostam do treinador. A maioria volta a levar o seu filho de volta ao primeiro clube quando dá conta, se calhar demasiado tarde, que o seu filho prefere estar com os amigos e jogar sempre, em vez de estar sujeito a uma convocatória por nível técnico.

Claro que também há os pais desinteressados que não reconhecem o valor do desporto na educação dos mais jovens e não assistem nunca nem aos jogos nem aos treinos e que seguramente não lerão isto que agora escrevo.

E, verdade seja dita, também encontrei pais bem orientados psicologicamente, que confiavam na preparação e conhecimentos do treinador e demonstravam autocontrolo, reforçavam o esforço, a progressão e apoiavam nos momentos difíceis. Cediam o seu filho ao treinador e aceitavam que parte da admiração que o seu filho lhes destinava passasse para o treinador, não se mostrando competitivos com seus filhos e não comparando as vitórias deles com as pequenas guerras de quando jogava futebol. Davam importância ao esforço, à progressão e ao desfrutar jogando. Quando não viam o jogo, mal o filho chegava a casa a primeira pergunta que faziam era: Então! Correu tudo bem?

A todos estes pais quero dizer que as suas responsabilidades começam por:

- Facilitar a assistência e as deslocações;

- Evitar paralelismos com o desporto profissional;

- Facilitar o trabalho do treinador (não interferir nem tentar substitui-lo, não criticar diante dos jovens e dos outros pais; não provocar situações em que obrigue o seu filho a decidir entre os critérios do treinador ou do pai; evitar-lhe situações embaraçosas quando se encontra entre pessoas que aprecia; trocar opiniões - nunca técnicas - com o treinador, mas em momento e lugar adequados);

- Aceitar os êxitos e fracassos desportivos dos seus filhos, nunca considerando uma derrota como sendo um fracasso;

- Aceitar os acertos e os erros como parte do processo formativo;

- Ajudar os jovens a tomar as suas próprias decisões. Facilitar que os filhos tomem decisões em função dos seus objectivos e expectativas desportivas e aconselhados por quem entende de verdade e quem de verdade pode facilitar a sua progressão desportiva e futuro;

- Propiciar o compromisso e a responsabilidade ante as suas decisões;

- Interessar-se pela actividade desportiva do seu filho de uma maneira razoável. Não é aconselhável ignorar a prática desportiva nem pressionar em excesso;

- Ser um modelo de comportamento em treinos e jogos. A imitação é um mecanismo de aprendizagem muito potente. Em muitas ocasiões, a forma como nos comportamos, é mais eficaz que as explicações ou instruções;

- Respeitar os árbitros, os adversários e os colegas dos nossos filhos;

- Exigir e propiciar uma comunicação fluida entre pais, dirigentes e treinadores. Fomentar uma disposição positiva de entendimento.

Bom, isto sou eu a escrever aquilo que penso, mas a vossa opinião também conta e qual é ela?

 

Retirado do site : http://www.pfj.pt/artigo.php?id_artigo=10

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